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— 14, Dezembro
A reler, sem a mínima sensação de uma plenitude desejada, os cadernos deste diário, ultimamente de registos tão esporádicos e, desde o seu início, tão desprovidos de referências ao meu quotidiano, o que o descaracteriza por completo. — E interrogo-me: como corrigir a grande insatisfação em mim gerada por aquilo que aqui vou lendo, se nem a quantidade de anotações de diferentes dias agora eliminadas se revela a suficiente para ser uma solução para ela? Continuarei insatisfeito, continuarei sem saber como me corrigir adequadamente. Corrigir no sentido de não me encontrar tão simulado pelo que de mim não revelo.
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Escrevo para me revelar ou para me ocultar? — De qualquer modo, seja qual for a consequência do acto de escrever, nunca servirá de factor demonstrativo de eu estar, nele, no lado da realidade.
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O que efectivamente escrevo não são todas as frases que tenho escrito nestes cadernos. O que escrevo é o ritmo e a vibração interna do corpo escrevendo fora destes cadernos, o corpo evitando as armadilhas que o assediam, ou resistindo aos golpes desferidos sobre a nuca, às imposições legalizadas pela vigilância das armas encostadas ao fôlego, — é o meu corpo sentindo o chamamento insustível, quer para o desejo de uma claridade e de um clima que sei ainda inexistentes, mas a tornar concretos e vivíveis, quer para a vontade de diluir sob a pele a aragem do horizonte, subterrado, mas a libertar.
O que efectivamente escrevo é também o desespero, o desânimo cíclico, a doença alicerçada no sentimento de solidão, — e é também a revolta, a raiva, e a exasperação, por não ser capaz de destruir tudo o que me cerca, tudo o que tenta amordaçar-me e algemar-me à concavidade de uma parede intocável, tudo o que me tem mantido separado, pelo menos pelo seu lado exterior, do que não é (e que deveria ser) a minha vida.
O que escrevo nestes cadernos, tal como o que poderia escrever mas não escrevo nestes cadernos, não passa de um fingimento que me permite dissimular o que efectivamente escrevo fora destes cadernos.
Paulo M. C. Ferreira nasceu em Lisboa, em 1949. Embora licenciado em Arquitetura, nunca exerceu a profissão de arquiteto. Por necessitar de algum tempo livre que lhe permitisse dedicar-se à concretização de outras atividades para si indispensáveis (principalmente a prática da escrita, da leitura, da música e das caminhadas urbanas ou na natureza) optou por uma carreira no ensino, tendo sido professor de Geometria Descrita e de Artes Visuais, no ensino Secundário.
No que respeita à prática da escrita, considera que tudo o que até hoje escreveu, sejam os seus Diários, sejam os seus Registos de pesquisa, seja a sua "Obra" poética propriamente dita, são meras ficções, nas quais não se explicita qualquer retrato mais ou menos desfocado de quem o indivíduo Paulo M. C. Ferreira na verdade é.
Em ralação à sua "Obra" poética, e assumindo as suas contradições pessoais, o autor (ele próprio uma figura ficcionada) decidiu distribuir os livros que a constituem em dois grupos, antagónicos quanto aos seus temas e conteúdos: "A parte do lado da vida, em vida" e "A parte do lado da morte, em vida". No primeiro grupo é evidenciada uma enorme vontade de viver diferentemente, enquanto que no segundo grupo se revela a constatação da impossibilidade de realização dessa aspiração.
Paulo M. C. Ferreira tem vários livros publicados em edição de autor: O salto em frente (2019), Incontornável (2019), O rumo escolhido (2019), Captura falhada seguido de A verdade oposta (2020), Casa com terraço (2020), Plano de desvanecimento (2021), Claridade a descoberto (2021), Pequenos remoinhos de lucidez (2021) e Dinâmicas de alteridade (2022).
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