Criei ao meu redor um fosso intransponível. Ergui altos muros sem janelas para não entrar nenhum raio de luz ou calor. Nem a fraca, difusa e saltitante chama de uma vela. E assim construi o meu mundo. Fechado, sombrio e escuro. Com o cheiro a vergonha que vem das profundezas de mim mesmo.
De quando em quando sou atacado, dolorosamente, pelas lembranças de quem fui, do que tive e do que vivi. E as saudades mordem todo o meu ser. Apetece-me embarcar neste barco que vejo ao longe, no nevoeiro. Mas a falta de coragem e o medo dizem-me que é tarde. Muito tarde. E, com as lágrimas nos olhos, vejo-o partir.
Aún no hay valoraciones. ¡Sé el primero en valorar este libro!