Utopia Hoje – Para a invenção do futuro

Este é um livro de filosofia política, não de filosofia erudita mas sim de “filosofia prática”, que se pretende acessível ao homem comum, até porque escrito por um homem comum, não um filósofo profissional. A tentativa que se propõe de uma visão sistemática da realidade social de hoje, tão complexa, é coisa arredada da nossa prática de reflexão política, sempre com tendência para o imediatismo, para a análise conjuntural. O livro parte da análise do mundo de hoje, numa perspetiva abrangente. Reflete sobre a fase atual do capitalismo, de financeirização, globalização e hegemonia da ideologia neoliberal, e continua pela história crítica das principais opções político-partidárias socialistas — o colapso do socialismo real, a deriva direitista da social-democracia e os escolhos pós-modernistas das “novas esquerdas” –, a ascensão da ultradireita, a crise estrutural a configurar um novo momento Polanyi, a nova estrutura de classes e, coisa central, o atual vazio da esquerda. Ao analisar a grande mudança social e tecnológica do último meio século, o livro vai fazendo uma releitura de Marx, baseada nessa análise, mas numa perspetiva de reflexão crítica aberta, coerente com o pensamento marxiano e libertando-o das grilhetas em que o “marxismo oficial” dogmático o aprisionou. Na nossa situação, essa releitura deve muito aos pensadores ocidentais do século XX, evocando autores pouco estudados entre nós, com destaque para Gramsci, Lukács e Mészáros. A parte propositiva do livro tenta manter abertas as portas da relação entre a vontade revolucionária e a reflexão teórica. Abrange a discussão de temas como o anticapitalismo como pedra de toque da esquerda real; a necessidade de um discurso profético; a democracia como indissociável do socialismo; as relações entre partidos e movimentos sociais e a necessidade de um partido alternativo, de novo tipo; a prioridade ao combate ideológico; o internacionalismo e a sua relação com o soberanismo, com ênfase no problema da prisão no euro; a ideologia e de como se constrói a hegemonia com a ajuda da comunicação social e das redes.